sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Uma leitura que marcou a minha vida! segunda colocada.


Em janeiro deste ano, marquei um encontro com meu esposo e meu pequeno João Davi, de três aninhos, num shopping center daqui de Natal. Precisávamos comprar um presente para uma festa de aniversário do filho de uma amiga nossa, a Rose, que também é voluntária do Instituto C&A.Enquanto me esperavam, eles entraram numa livraria. Meu esposo acabou comprando alguns livros infantis, com a intenção de voltar a atenção do nosso filho para a leitura, como uma forma de lazer, além dos brinquedos, que são geralmente a primeira escolha tanto das crianças quanto dos pais nesta faixa etária.

Deixamos nosso filho bastante à vontade para essa nova experiência na vida dele: arrumamos todos os livros ao lado de sua cama, numa banquinha de cabeceira, para que ele tivesse acesso na hora que quisesse. Nos primeiros dias, ele folheava aleatoriamente, meio sem compromisso, só vendo as gravuras. E ficava por ali mesmo. Depois, geralmente pegava algum brinquedo ou assistia TV.Na hora de dormir, sempre gostei de conversar com ele. Como ele passa o dia com minha avó enquanto eu trabalho, ela conta histórias para ele. São histórias que vão de contos de fada a histórias simples, como a de um menino levado ou um gatinho que saiu por aí. Com isso, ele passou a pedir para que eu contasse história na hora de dormir. Foi muito legal. Ele ficava todo empolgado, perguntava o que iria acontecer, ficava superinteressado. Mas foi só por uma semana, pois meu repertório acabou. Foi aí que tive a ideia de levar o livro para a cama. Eu apenas lia as histórias e mudava um pouco a entonação da voz quando “interpretava” a fala de algum personagem.

Nesse contexto, o livro Sons da Selva tornou-se meu grande aliado. O livro, como o próprio título já indica, descreve os animais da selva através de dobraduras que se movimentam ao folhearmos as páginas. Cada página descreve um cenário distinto da selva: do amanhecer ao cair da noite. E o mais interessante é que ele emite os sons dos bichos, que vão do rugido do leopardo aos gritos dos macacos. Na virada de cada página, há um pequeno glossário que identifica cada um dos animais.Na primeira vez que lemos o livro, ele se assustou com o leopardo. Mas, depois de entender que o bicho não lhe faria mal algum, tornou-se leitura obrigatória antes de dormir. Hoje ele já sabe o nome de quase todos os bichos. Como já lemos muitas vezes para ele, às vezes ele pega o livro e fala: “Mamãe, agora é a minha vez”. E assim começou a ler para gente, meio que nos imitando.

Em meio a tudo isso, nós só colhemos bons frutos desse novo hábito do nosso filho: ele ficou tão animado com o livro, que falava dele em todos os lugares que ia. E qual foi a minha surpresa ao ser procurada por sua professora, me pedindo para que eu levasse, no dia seguinte, o livro, para que João Davi fizesse uma “leitura” com seus colegas.No outro dia, no caminho da escola, ele ia com o livro debaixo do braço. Parecia que transportava a coisa mais preciosa do mundo. Quando fui buscá-lo, a professora falou que a “leitura” das crianças foi muito divertida e que todas haviam gostado muito do livro dele.

Essa foi a minha história de leitura, que graças a Deus não mexeu só com minha cabeça. Meu filho é um exemplo vivo de que a leitura não tem hora certa para começar na vida de uma pessoa, e que ela só tem a acrescentar. No geral, ela estimula a imaginação, a atenção, etc. No meu caso, não é só isso: trata-se de um momento único que eu tenho com meu filho, após um longo e exaustivo dia de rotina puxada. Praticamente só nos vemos à noite. Passamos o dia longe um do outro. Mas ali, na cama, com aqueles livros... É o nosso momento, apesar de todo o cansaço e sono. Tenho certeza de que meu filho não vai esquecer disso. Quando ele estiver grande, homem feito, com sua família, seus filhos, quem sabe, não fará o mesmo com eles?


E a leitura seguirá com seu papel: mexer e mudar para sempre a cabeça das pessoas.

Por Jacqueline Andrade dos Santos Lima, de Natal (RN)
Sobre a obra
Sons da Selva, de Maurice Pledger (Ciranda Cultural, 2008).

Um comentário:

  1. OLÁ! Este texto é lindo, mas ficou em segundo lugar. A vencedora é Suellen Patrícia (SAN) com o texto A Beleza Interior.

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